Interestelar

  Estive escutando agora pouco uma música e lembrei de um velho amigo que, hoje, já está com Deus. Eu lembrei de um momento em particular. Estávamos voltando de um trabalho que fizemos e, naquele dia, eu estava muito magoado. Eu tive muitos problemas naquela época. Eu estava tão triste que isso transparecia em meu rosto. E por mais que eu sempre guardasse tudo, dessa vez ele preferiu falar comigo. Eu inventei uma história bem distante da realidade, com a intenção de não me abrir. Ele no fundo sabia que eu estava mentindo. Ele sabia que eu não estava nada bem. E me lembro como se fosse ontem. Enquanto ele dirigia, bateu na minha perna e disse: “Tem muito filho da puta nesse mundo. E filho da puta nenhum merece que a gente fique assim. Ergue a cabeça e segue em frente. Amanhã isso passa. Eu já passei por muita coisa. Eu sei que é foda o que você está passando. Mas vai passar.” Acho que foi a primeira vez que alguém me viu chorar desde a infância. Mas ele tinha razão. A gente sent

  Quem se importa com você? Quem se importa com a sua opinião, com o que você sente, com o momento que você está atravessando? Talvez as pessoas estejam ocupadas de mais com seus sonhos, planos, projetos... Eu não culpo ninguém por isso. Todos têm o direito de viver suas vidas sem que os problemas de qualquer outra pessoa interfiram naquilo que elas querem. Talvez o erro esteja em mim. O erro de achar que as pessoas olhariam para mim da mesma maneira que eu as vejo.  Não é que o resto do mundo esteja errado. Talvez o erro seja eu mesmo. Deslocado, em completo avesso ao resto do mundo. Imaginando que o mundo pudesse ser algo que ele jamais será. Afinal, quem passa noites em claro se lamentando por não ter sido bom o suficiente durante todo um dia? Talvez muitos saibam vestir máscaras como eu. Sorriem, brincam e fingem que está tudo bem. Mas quando tem de enfrentar o travesseiro, na solidão da noite, quando enfim tem de tirar a máscara, tudo o que se mostra é uma massa desforme de um ind

  As vezes me sinto como um poço de solidão. Um vazio inexplicável... Eu gostaria de falar sobre isso, mas algo dentro de mim apenas diz: deixa pra lá. Talvez fosse mais fácil resolver minha mente se eu pudesse decifrá-la. Mas a verdade é que sou uma incógnita. Eu sou como o oceano. Imenso, as vezes calmo, noutras sereno. Mas a verdade é que a profundeza é desconhecida. Assim como o oceano, apenas uma pequena porcentagem de quem sou já foi revelada. O resto está submerso, escuro e frio. Eu sempre tento ser o melhor que posso. Talvez aí exista um problema, pois eu me preocupo em ser o melhor para todos a minha volta, menos para mim. Eu tento fazer o bem, andar em retidão, tento não errar, apesar as falhas. Mas eu sinto que nunca será o suficiente. O mundo é um lugar imenso e as pessoas que habitam nele são tão diferentes de mim... Elas sonham e realizam. Elas conseguem pensar em si próprias e talvez por isso tenho mais momentos felizes que eu. Talvez... Eu me sinto feliz quando sei que