Interestelar

 Todos os dias eu enfrento uma guerra. Todos os dias eu empunho minha arma e mato milhares de pessoas que eu poderia me tornar. Mato metas, mato objetivos, mato meus sonhos.  Todos os dias eu deito minha cabeça no travesseiro e sinto que estou desmoronando. Sinto que o mundo tem estado cada vez mais cinza. Eu olho para o céu e tudo o que posso enxergar é uma imensa tempestade que fica cada vez mais próxima. Eu me apego a esperança e vivo a espera dos dias felizes. Ainda que me sinto um tolo, prefiro esperar por eles. Eu sei que meu futuro é um castelo e que eu sou a única pessoa que pode construí-lo. Mas eu sigo me anulando e ajudando outras pessoas a construírem os seus enquanto o meu vai ficando para depois.  Eu queria um amigo para conversar. Mas onde encontraria alguém que pudesse me ouvir sem me compreender, sem me julgar?  Eu queria pavimentar a minha estrada, construir o meu castelo, mas tudo o que acho pelo caminho são as armas que matam meus sonhos. Um dia após o outro eu mato

 Existem dias em que nos sentimos assombrados por pensamentos ruins. Dias em que nos sentimos a pior pessoa do mundo por sentir o que sentimos. O melhor de mim as vezes não parece suficiente. O melhor de mim as vezes me torna fraco e isso faz meu lado sombrio latente despertar. Eu não quero isso. Eu não quero ser uma pessoa ruim. Eu não quero ser egoísta e ter pensamentos que me causam náuseas.  E por mais que eu me esforce, sinto que falho miseravelmente em muitas coisas. Eu sinto que não sou uma boa pessoa, apesar de esse sempre ser meu objetivo. É difícil usar essa máscara todos os dias. É difícil suprimir e tentar prolongar o pavio dessa bomba que carrego dentro de mim.  Por muitas vezes sinto que vou acabar não suportando. Em determinados momentos sinto minhas mãos tremerem, meus olhos arranharem e o desespero invadir minha alma. Mas eu luto com todas as minhas forças contra isso. Eu luto, mas o preço é alto. Eu sinto que estou perdendo quem sou. Perdendo a alegria e a motivação.