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O multiverso vs O sentido da vida.


Fechei meus olhos e ao abri-los, já estava na grande nave de Mahat. Caminhei apressadamente até a sala da grande janela e lá estava ele, observando o horizonte.
- Mahat! – gritei com empolgação. – Finalmente apareceu. Da ultima vez apenas me deixou uma carta.
- Temos um problema. – disse ele com palavras secas. – Um grande problema!
- O que esta havendo? – deixei meu tom de preocupação no ar. – Fiz algo errado?
- Não, claro que não. – deu dois passos pra trás e olhou em minha direção sorrindo. – Já ouviu falar em multiverso?
- Sim. Acho até que você comentou comigo. – respondi franzindo o cenho.
- Filho, acompanhe-me por favor.



Seguimos até uma outra sala que ficava ao fim do corredor. Meus ossos doeram e tremi ao passar pelos pequenos “greys” que caminhavam pelos corredores. Esses seres me deixam com muito medo. São frios e nem me olham. Parecem robôs. Bom, não sei, mas talvez sejam.
Ao adentrar a grande sala totalmente clara, com paredes brancas, notei algo como uma mesa em formato de bumerangue. Logo em seguida percebi que eram os painéis de controle da nave e, então um imenso holograma com várias imagens e textos com escrita em hieróglifos estranhos apareceu diante de nós. Logo veio um grey falar algo com Mahat em um idioma completamente estranho. Eu não entendi bulhufas! Aqueles anões falando com Mahat pareciam os “Minions” falando com o “Gru” daquele desenho que assisti outro dia. Só que não tinha nada de engraçado nesse caso.



- Venha. – disse Mahat saindo de trás dos painéis de controle, seguindo em direção a porta.
- Claro! – acompanhei seus passos apressados. – O que você fez? Digo, atrás daqueles controles?
- Viajamos para um lugar seguro, bem longe da Terra, a centenas de milhões de anos luz, do outro lado do universo! Aqui não corremos o risco de ninguém nos ouvir.
- Como assim? – perguntei sentindo-me completamente confuso.
- Bom, - suspirou. – sempre soubemos que outros universos eram completamente possíveis. Achamos que coexistimos dentro de um multiverso com diversos universos flutuando dentro da grande rede cósmica.  Porém sempre havíamos julgado impossível haver interação entre universos distintos.
- Quer dizer que sempre acharam que seria impossível contatar outros universos? – interrompi sua explicação.
- Filho, jamais ouvimos falar de alguém que tenha tocado uma das paredes do universo. Ele é curvo e insuperável para seres tridimensionais como nós. – sua voz nesse momento foi branda como a superfície de um lago e trouxe-me tranqüilidade.
- É complexo, mas acho que entendo. – sorri.
- Recentemente aconteceu algo estranho com uma mulher na Terra. No início, julgamos ser apenas um delírio comum de sua espécie, mas estou começando a me convencer a respeito de sua história e isso representa algo terrível! – seus grandes olhos azuis ficaram arregalados nesse momento.
- O que exatamente houve? – franzi o cenho.



- Em um determinado dia ela acordou e percebeu que estava usando um pijama diferente daquele que usou na noite anterior. Em seguida notou que os móveis não era os que ela lembrava. Foi ao seu emprego e notou que não era como ela lembrava, tudo estava completamente sem sentido. Decidiu então retornar para casa e para sua surpresa, ela ainda estava casada com o marido com quem havia se divorciado a mais de seis meses e o mesmo argumentava que ela havia sumido fazia quatro meses e que a policia já o investigava suspeitando que ele seria o culpado por seu desaparecimento.
- Que louco! – me senti confuso diante aquele assunto que Mahat abordou.
- Estive pesquisando pessoalmente esse caso, notei que ela procurou médicos, mas nada a convenceu. Essa não é a sua real vida.
- Mas por que isso o preocupa tanto, Mahat? – perguntei inocentemente.
- Pense bem, - ele  pareceu furioso com minha pergunta. – gostaria de saber que existem milhares de outros “você” por ai em universos paralelos ao nosso? Imagine as infinitas possibilidades de formatação do universo? Imagine...
- A grande guerra em Ária podia nunca ter acontecido. – disse o interrompendo.
- Acha que isso seria justo com todas as vidas perdidas naquela maldita guerra? – olhou em minha direção me fuzilando com aquele olhar furioso e balançou a cabeça. – Se os mundos paralelos existem eles devem ter um bom motivo para serem intocáveis, não acha? E se Hitler e todos aqueles malditos nazistas voltassem ao seu mundo, vivos, fortes e mais inteligentes?
- Vendo por esse lado... – baixei a cabeça.
- Imagine que as pessoas venham a descobrir que existem outras vidas em que elas possam viver com diferentes desfechos? Seria o caos! A vida perderia seu valor. O mundo deixaria de fazer sentido. Muitos perderiam o medo e o respeito que forma os pilares da sociedade humana. Matar, roubar e destruir não seria mais algo proibido. Simplesmente poderíamos mudar de realidade e pronto, iniciar um novo ciclo de vida. Isso seria a nossa ruína. Sempre idealizei uma infinidade de universos, mas jamais imaginei que eles seriam capazes de criar cópias nossas, ou que nós mesmos somos cópias. – passou a mão sobre seu rosto. – Imagine o fluxo que o universo teria se descobrissem que o único portal interuniversal ou interdimensional fica na Terra?
- Nós perderíamos nosso planeta. – comentei com a voz baixa.
- Sim. Vocês podem perder a Terra se essa história se concretizar uma verdade.
- E como podemos verificar a veracidade dessa história?
- Eu não sei. – suspirou.
- E se encontrássemos os tais seres pentadimensionais?
- Já ouviu falar dessa lenda? – sorriu. – Mas é só uma lenda, um mito.
- Mahat, a uns meses atrás seres como você eram apenas lendas em meu conceito. Ou sonhos.
- Tudo bem, mas como encontraríamos seres que trafegam sobre as cinco dimensões? Isso é impossível! Se tais seres existem, eles podem existir bem antes do nosso universo. E podem nem estar aqui.
- Podemos encontrá-los com tecnologia.
- Não evoluímos tanto.
- Mahat, dessa vez eu vou aconselhar. Qual a civilização mais antiga que conhece?
- Você é esperto. – sorriu.
- Vamos tentar achar a primeira civilização desse universo. Eles já podem ter alcançado tal tecnologia. Entendi em nossas conversas até hoje o quanto é importante ouvir aqueles que vieram antes de nós. Sabem mais, tem mais experiências! Preciso ter humildade em ouvir aqueles que tem mais tempo de vida para aprender um pouco mais sobre o que me trouxe até aqui.
- Eu vou atrás deles. Me espere. Certamente será uma longa jornada. Eu mandarei cartas. – sorriu.
- Quero ir com você. – supliquei.
- Bom coração você tem, mas precisamos de você vivo e seguro. Você já fez o suficiente por hoje.



Mahat seguiu apressadamente para a sala de controle e mais uma vez ligou aqueles  hologramas sinistros e sorriu quando olhou em minha direção.

- Mahat, quero ir com você! – insisti.
- Sinto muito, pequeno padauã, mas já é hora de acordar. Alguém vai bater em sua janela daqui a poucos minutos. – sorriu com gratidão.

De repente abri meus olhos na cama. Por alguns instantes fiquei paralisado e consegui perceber tudo ao meu redor. O ventilador soprava um vento  gelado, a tela do notebook estava aberta com um documento de texto esperando que eu talvez escrevesse tudo o que havia sonhado essa noite. – Espero que Mahat tenha sorte em achar a primeira civilização do universo. – pensei. Ao terminar de escrever o relato, ouço alguém batendo em minha janela. Salvei o texto e fechei a tela do notebook. Acho que meu dia começa agora.



Martins, Pierre – Iguaba Grande/RJ – 09 de Julho de 20015.

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