Hoje, pouco antes do das onze da noite, caminhei pelo
quintal de minha casa e quando estava próximo ao portão, avistei luzes
estranhas ao fundo da paisagem. De inicio não pensei em nada incomum, mas logo
em seguida lembrei de Mahat Zoratti. Faz dias que não recebo noticias dele. De
fato, tenho andado preocupado com isso. Antes, imaginava ser apenas sonhos, mas
hoje já sinto que toda essa historia é uma imensa verdade. Mahat me alertou
sobre outras raças que visitam a Terra, e me interessei mais pelo assunto.
Descobri milhares de casos documentados, com provas físicas e sem nenhuma
explicação sensata. O mundo não está preparado para receber as coisas de que
Mahat sempre me alerta.
Após fazer essa reflexão, caminhei novamente para minha
casa. Nem imaginava que essa noite seria completamente diferente das outras que
tive.
Deitei em minha cama e comecei a estudar um pouco mais a
respeito do assunto. Quando o relógio já marcava mais que três da madrugada,
ouvi um zunido de baixa freqüência, porém perturbador! Em seguida, uma luz
azulada adentrava por entre as frestas da cortina. O quarto, que estava gélido até
então, em instantes começou a aquecer. Em alguns instantes uma noite típica de
inverno já parecia um dia de verão. Levantei de minha cama, pus uma camisa,
peguei o meu smartphone e liguei o aplicativo da lanterna. Caminhei pelo
corredor até a porta dos fundos e quando alcancei a varanda, a noite parecia
dia de tão iluminada que estava.
Em seguida, caminhei até o quintal. Eu estava muito
amedrontado, porém a curiosidade falou mais alto naquele momento. Quando olhei
pra cima, avistei uma imensa nave circular pairando sobre minha casa.
Identifiquei a origem do zumbido naquele momento.
Desorientado, tentei organizar meus pensamentos e logo
imaginei que Mahat estava por perto novamente. Então, uma luz intensa me
atingiu e senti todos os meus músculos se enrijecerem. O meu smartphone escorregou de minha mão e
pude sentir isso. Em poucos instantes adormeci.
Quando recobrei a consciência, estava
deitado em uma maca. Meu corpo estava fraco. Eu nem conseguia me mover. Então,
com a vista um pouco embaçada, notei seres por toda parte naquela sala. Corpos magros,
cabeças alongadas e uma roupagem bem colada ao corpo. Quando consegui focar
bem, vi grandes olhos amendoados, com a pupila bem dilatada. Eram imensos olhos
azuis em seres com a pele lisa. Não eram como os Greys que estava acostumado
ver na nave de Mahat Zoratti. Aqueles tinham olhos negros e cor cinzenta. Esses
tinham olhos que faziam lembrar os nossos, apesar do imenso tamanho deles. Sua
pele era azulada e não havia cabelo em suas cabeças. O nariz era reto e muito
pequeno, assim como a boca que parecia ser apenas um traço. Pude notar que sua
vestimenta era reflexiva, como se estivessem usando papel alumínio, só que sem
nenhum amassado.
Notei que eu estava nu. Então um deles veio e passou em meu
corpo algo como um gel. No inicio era refrescante, porém logo em seguida, senti
meu corpo esquentar. Eu tentei gritar, mas eu não conseguia mover os músculos
da minha boca. Nesse momento começaram a me examinar de diversas formas. Puseram
um instrumento com uma luz extremamente forte em meus olhos, um de cada vez.
Isso fez com que minha vista embaçasse novamente. Talvez tenham dilatado minha
pupila. Puseram um instrumento gelado dentro de meus ouvidos e um dele abriu
minha boca e jogou um spray bem afundo de minha garganta. Senti isso arder
muito. Senti lágrimas escorrendo de meus olhos. Eu estava completamente
desesperado!
Então, um deles trouxe um pequeno robô, que me fez lembrar
uma pequena aranha cromada. Eles a soltaram dentro de minha boca e eu pude
sentir ela caminhar por minha garganta. Então novamente desmaiei.
Quando acordei, percebi que ainda estava deitado na maca. Mas
dessa vez, eu já podia me mover com muita dificuldade. Meu corpo estava suado e
não demorou muito para que eu percebesse que estava excitado. Era algo descomunal!
Eu estava sendo vitima de estudos extraterrestres! Então, um dos seres veio em
minha direção e seus olhos se direcionavam ao meu órgão genital. Então eu
comecei a gritar com toda força que tinha. Eles se assustaram! Todos os que
estavam na sala me olhavam. Então, com muita dificuldade, disse: Mahat Zoratti.
Então notei que todos pararam o que estavam fazendo incrédulos no nome que eu
acabara de dizer. Então eu tentei repetir esse nome to tanto de vezes quando
conseguia. Eles se olharam entre si e começaram a guardar os instrumentos médicos
apressadamente. Percebi também que eles faziam gestos apressados e um deles
trouxe minhas roupas e me entregou. Eu me vesti rapidamente. Então todos eles
se ausentaram da sala.
Olhei cada detalhe daquela sala que tinha algumas bancadas e
armários. Tanto o chão quanto as paredes eram brancos espelhados, como se
tivesse polidos. Eu podia notar que a iluminação vinha do teto, mas não
encontrava a fonte. Parecia que o teto todo era reluzente. Então, por alguns
cantos da sala começou a sair um gás. Eu tentei não respirar, mas foi
inevitável. Então eu dormi, em cima da maca.
Quando abri meus olhos já estava em minha cama. Um pouco
desorientado, senti um leve desconforto na garganta. Era como se estivesse
inflamada. Não me recordava bem do sonho que tive. Quando passei minha mão pelo
criado mudo afim de pegar meu smartphone, notei que ele não estava lá. Olhei em
meu relógio e ele já marcava cinco horas da tarde. Levantei apressadamente,
escovei os dentes e fui até o quintal dos fundos. Pra minha surpresa, lá estava
meu smartphone, jogado no chão e desligado. Peguei ele e voltei pra dentro de
casa. Pra minha surpresa, ainda eram onze e trinta e cinco da manhã, porém meu relógio
de pulso marcava cinco e vinte e três da tarde. Isso me preocupou, pois havia
evidencia de que nada daquilo foi um sonho. Só pensei em uma coisa nesse
momento: Mahat Precisa saber disso.
Martins, Pierre – Iguaba Grande - 24 de julho de 2015.
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