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A futilidade de uma espécie "inteligente".

Fechei meus olhos esta noite e ao abrir já estava naquele mesmo lugar de sempre. Caminhei até a sala onde encontrava Mahat e, como sempre, lá estava meu velho amigo, com uma das mãos apoiando o queixo e a outra cruzada na parte inferior, em frente ao tórax. Na janela pudemos observar a Terra, em especial o continente Sul-Americano.

- Observando o Brasil hoje, Mahat? – perguntei entusiasmado.
- Sim. – respondeu com semblante sério. – Estou observando a sua nação em especial.
- Terra boa! – exclamei com orgulho. – Tudo o que plantamos floresce! Temos praias lindas e paisagens incríveis!
- Sim, vocês tem. – continuou sério.
- Mahat, - fiquei um pouco intrigado com toda sua seriedade. – me responda uma coisa: o que esta acontecendo? Geralmente você não esta com essa cara quando conversamos.
- Quais foram as principais coisas que aconteceram no Brasil essa ultima semana?
- Como assim? – não entendi muito bem onde ele queria chegar.
- Quero dizer, no que pensa quando lembra da ultima semana? – voltou seu olhar em minha direção.
- Bom, - respondi o que veio a minha mente. – lembro-me do acidente do cantor sertanejo, da eliminação do Brasil na Copa América, da aprovação do casamento gay nos Estados Unidos...
- É isso! – alterou sua voz. – Esse é o ponto! Vocês se deixam levar pela futilidade! É só disso que se lembra?
- Acho que sim. – respondi com a voz trêmula, pois estava muito assustado.


- Sabe o que tem acontecido no resto do mundo? Uma imensa crise financeira as portas, onde sua frágil economia mundial está ameaçada a ruir. E isso significa um saldo de fome, crimes e no fim morte de inocentes. E tem mais! Muitos negros morrem todos os dias no mundo, muita fome e miséria e vocês celebram a aprovação de casamento gay? Fazem campanhas em redes sociais! Isso não é vitória nenhuma! Isso não é relevante quando se trata de ser humano! Pessoas que morrem em vão, essas sim são relevantes! Você não tem culpa por nascer negro ou pobre. Não é opção! Mas essa sociedade que se instalou na Terra exalta as coisas sem valor e diminui as coisas que realmente deveriam ser relevantes! Vidas são perdidas em vão. Pessoas morrem de fome la fora e vocês gastam milhões e “futebol”. Um esporte que todos já sabem que é movido pela corrupção! Não existe vitória, mas sim um combinado sobre qual time vai dar mais lucro se o resultado for positivo. Vocês são como as algas do oceano, que as ondas fazem o que bem entender. São como folhas secas na ventania, sem vontade própria, apenas tornando verdade tudo aquilo que a mídia lhes impõe. Quem comanda os poderes na Terra enfia goela abaixo todas essas porcarias e vocês engolem! As vezes penso: Como a Terra vai desenvolver uma sociedade avançada se não conseguiram resolver problemas tão primitivos ainda.
- Mahat, se acalme por favor! – exclamei com muito medo do tom daquela bronca.
- Me acalmar? – olhou pra mim com riso de sarcasmo. – Como posso me acalmar vendo o que se passa aqui? Se não fosse a nave de Roswell vocês ainda estariam andando naquelas carroças e esticando fios pelo planeta.
- Por favor, Mahat! Tente manter a calma! Eu nunca o vi assim!

- Você... – olhou em minha direção com a voz mais baixa, quase falhando. – Você pode mudar isso. Você deve falar a seu povo que esse é o caminho errado. Vocês tem que valorizar aquilo que realmente importa. Não espere o amanhã chegar, porque o amanhecer não depende de vocês. Mas o que vivem hoje sim! Seja a gota no oceano! Seja a diferença! Se importe com seu próximo. Ame negros e brancos, asiáticos, europeus e americanos. Ame judeus, cristãos e mulçumanos. Fale de algo maior que o mundo de vocês. Um dia vi um filme de vocês onde um garoto fazia o bem a três pessoas e pedia que elas passassem isso adiante. Não sei bem se a história é assim. Mas é um ótimo exemplo! Isso muda as pessoas e o mundo inteiro.
- Mahat, eu...
- Não! – antes que eu pudesse falar ele me interrompeu. – Eu só quero que você faça a sua parte. O seu exemplo certamente lhe trará bons frutos! Agora se adiante, hoje você precisa acordar mais cedo.
- Tudo bem. – sorri.
- A propósito, você devia tocar mais violão. Você tem o dom. Precisa praticar mais, mas tem o dom.
- Obrigado! – sorri.


Martins, Pierre – Araruama/RJ – 29 de junho de 2015.

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