A cinco meses conhecemos aqui em casa um anjo. Diferente das
borboletas ou da pomba branca, veio como um símbolo não muito bem visto. Um
gato preto de olhos verdes. Chegou tão pequeno quanto um camundongo vira-latas.
De alguma forma apareceu aqui e com sua carisma conquistou uma grande mãe.
Talvez no início tenhamos tratado ele apenas como mais um... Mas, como minha
mãe disse, ele era um anjinho. Assim como “Benjamim Buton”, foi rejeitado e
deixado aqui por alguém, talvez simplesmente pelo fato de ser diferente. Então
acolhemos aquele felino mirrado de orelhas grandes e olhos arregalados. Enquanto
eu e minha irmã estávamos sumidos conquistando nosso emprego e faculdade, “Pretinho”
acabou se tornando o grande companheiro de meus pais. No início tivemos uma
grande dificuldade com a escolha do nome, pois esse anjo tinha o sexo muito
difícil de descobrir e não sabíamos nada sobre gatos. Conforme o tempo passava
e ele crescia, também crescia em nós um amor intenso e único. Deus, como
ficamos apegados a esse gatinho!
Tinha a melhor ração, mas não abria mão de
caçar insetos e lagartixas. Era incontrolável sua paixão pela fita ou pela
bolinha. Brincava como jamais vi um felino brincar. Se a tristeza se abatesse
sobre um de nós, cá estava ele miando e deitando em nossos pés. Talvez se pudesse
falar, diria: “não fique assim, eu estou aqui com você”... Assim como as
borboletas brancas que ele adorava perseguir para brincar, esse gatinho preto
nos trouxe a sensação de paz. Suas patinhas aveludadas abraçavam nossas mãos
apenas em busca de um carinho, de um afago. Seu miado sempre doce nos fez
procurar saber um pouco mais sobre ele. E quem diria que aquele gatinho mirrado
iria se transformar em um gato lindo. Doce como sua própria raça.
Chantilly-Tiffany. Como uma raça tão rara veio parar aqui em nosso quintal?
Bom, minha mãe sempre disse que ele era um anjo enviado por Deus. Com ele
aprendemos que gatos também amam, brincam e se apegam a seus donos. Deixamos de
lado todo aquele preconceito. Nosso primeiro mascote... Ele conseguiu tocar até
mesmo o coração de meu pai. Aos poucos conquistou seu espaço, sua permissão
para estar dentro de casa, para nos acordar as cinco da manhã pedindo comida,
de pular em nossos colos e receber todo o carinho que pudéssemos dar. Ele nos
ensinou a amar um animal como amamos uns aos outros aqui. Se tornou um membro
de fato da família! Seu amor nos envolveu de tal forma que não há explicação, não
há nada capaz de descrever tudo o que sinto ao falar dele. Tornou-se meu
irmãozinho caçula.
Pretinho |
Pretinho |
Infelizmente essas palavras só podiam significar uma coisa: vamos amá-lo em seus últimos momentos... E hoje pela manhã o ultimo momento chegou. Despediu-se de minha irmã e se foi nos braços de meus pais.
Enterramos seu corpinho em um lugar incrível. No alto de uma
montanha, com vista para toda a cidade e a lagoa. Meu pai, aos prantos me
entregou uma estaca e uma grande pedra para que eu marcasse o lugar onde ele estava
enterrado. Choramos ali, juntos por algum tempo. Antes que entrássemos no
carro, vi uma planta no chão. Eu a peguei e plantei exatamente no lugar onde
ele foi enterrado. Então quando olhamos para o céu, vimos inúmeras borboletas
brancas. Jamais vi tantas em minha vida. Sobrevoaram todo o local. Pousavam nas
arvores e voavam por cima de onde o enterramos. Elas vieram prestar sua
homenagem. Assim entendo que elas realmente nos trazem a paz. Antes que
entrasse no carro, passou a minha frente uma borboleta diferente. Ela era
branca, mas tinha machas de bolinhas pretas em suas asas. Então eu sorri e
entendi para onde voam os anjos.
Pretinho/último banho. |
Não importa como seja seu bichinho, se ele é bravo, se ele é
branco ou preto, se é de raça ou vira-latas, se é obediente ou não, se é um
cachorro, um periquito, um porco, um cavalo ou um gato, cuide dele a cada dia
como se fosse o último. Ame-o, pois ele ama você e não tem interesse no que
você pode oferecer, mas apenas ama por você ser quem é do jeito que você é. Eu
faria qualquer coisa para passar só mais um dia brincando com meu “peto”, mas
hoje eu só posso agradecer por ele ter mudado o que precisava mudar em mim.
Dedicado ao gato preto mais safado do mundo, o meu anjinho pretinho.
meu anjinho da guarda! ♥
ResponderExcluirPierre,
ResponderExcluirLi sobre o Pretinho. Fiquei muito sensibilizada com suas palavras de amor e triste pelo que aconteceu com ele. Muito lindo realmente e parecido com o nosso Clóvis.
Não vai aqui nenhuma crítica, mas sim orientação. Hoje em dia, infelizmente, não dá para criar gatos como antigamente, soltos. Sempre irá acontecer alguma coisa e eles não chegarão até o final das suas vidas, cfe. geneticamente preparados (15 anos ou mais). À vontade pela vizinhança sempre correm forte risco de comerem algum veneno, serem atropelados, pegos por cães, levar pedradas, sofrerem algum acidente, se contaminarem por doenças oriundas de contato com outros gatos, etc. Isto é um fato que permeará a vida de qualquer outro gatinho que vocês vierem a criar.
Morando em casa, o melhor jeito de evitar isso, é tendo portões altos e inteiriços e muros altos com redes inclinadas a 45 graus instaladas em seu topo. Havendo árvores no quintal da onde o gatinho possa alcançar o muro, elas também devem receber um cone que impeça sua subida. Se quiser saber melhor a respeito, escreva para bigodinhossemdono@gmail.com que lhe mando fotos de como fazer isso. Meus sentimentos pelo Pretinho. Pelo menos ele recebeu todo amor e respeito que vocês puderam dar enquanto esteve aqui na Terra. Mas numa casa segura ele poderia ter essa alegria e retribui-la em brincadeiras, chamegos e tudo que um gato nos proporciona por muitos e muitos anos, até ficar velhinho.
Um abraço grande.