Pular para o conteúdo principal

O suicídio inconsciente da raça humana.

Mas uma vez, após pegar no sono, encontrei Mahat Zoratti na grande janela daquela nave. Dessa vez estávamos olhando para a Terra. Se ver a natureza brilhando aqui em baixo é lindo, olhar nossa bolinha azul e verde do espaço é algo que não existe palavras capazes de descrever. Confesso que meus olhos encheram de lágrimas naquele momento.
- Por que estamos aqui hoje? – perguntei.
- Quero que veja seu lar como era a setenta anos. 
- É lindo! – respondi. – É como olhar para o fundo de nossa alma.
- Vocês humanos Terráqueos são a alma da Terra. Tudo se resume a vocês. Não há outra espécie Terráquea que chegue aos pés da evolução de vocês! Sua raça é a criação final da sua Terra. Mas como disse o Tio Bem no filme do Homem-Aranha: - com grandes poderes se tem grandes responsabilidades. – E não é diferente aqui. Proteger seu lar é de total responsabilidade de vocês! 
- De onde tira tantas palavras bonitas?
- Eu tive um bom professor. – sorriu. – Bom, quero que se atente naquele cantinho ali em especial. – disse apontando para onde se situa o Japão.
- Por quê? – retruquei intrigado.
- Apenas olhe! – alterou sua expressão para uma mais séria.
Então houve um grande clarão. Uma nuvem gigantesca subiu e pudemos sentir a vibração de dentro da nave.
- O que foi isso? – perguntei desesperado. – Estão nos atacando?
- Sim! – respondeu ele. – Vocês próprios estão se atacando uns aos outros. Um promissor líder desencadeou uma guerra terrível. Cem mil pessoas morreram nesse golpe mortal.
- Essa é a bomba de Hiroshima? – arregalei os olhos.
- Sim. – respondeu com pesar. – Esse foi o primeiro ataque nuclear aqui. A grande nação norte-americana acabou de assassinar em poucos segundos uma população inteira. E muitos ainda irão morrer e outros sofrerão sequelas terríveis, como você já sabe. 
Ver a grande bomba atômica explodir do espaço foi algo realmente sinistro. Qualquer pessoa que olhasse, mesmo que de longe, para nossa pequena bolinha azul iria notar essa explosão. Eu confesso que fiquei tocado. Sinto arrepio em lembrar aquela cena. Então Mahat Zoratti prosseguiu.
- Essa bomba pôs em risco muito mais do que vocês possam imaginar. Além de assassinar pessoas, ela assassina a moral e a ética de vocês. Agora a Terra passou a ser vista como um lugar promissor e de grandes possibilidades de guerras e isso atrai negociantes de todas as partes da galáxia. Vocês pertencem a um grupo pequeno de raças que conhecem o poder nuclear. As vezes temos de impedir que as raças conheçam esse poder por vários milhões de anos. Mas de alguma forma vocês desenvolveram essa monstruosidade em menos de dois milhões de anos. Isso faz de vocês seres especiais. Isso representa perigo, pois atrai muita gente no universo. Principalmente aqueles que querem criar uma nova espécie com DNA combinado para se perpetuar pela eternidade. Vocês são muito inteligentes.

- Ser inteligente nessas horas é bom ou ruim?
- Bom, se não forem sábios com certeza será ruim. Mas como podem ser sábios se não respeitam a própria natureza? Não respeitam nem mesmo a própria espécie. Vocês são inteligentes, mas se matam sem motivo. Existem coisas muito piores que Armas nucleares. Se houver outra grande guerra , a sua Terra se tornará um deserto. Se avançarem um pouco mais, poderiam até por o universo em risco. Tem muita coisa que ainda não sabem, mas são muito curiosos e vão acabar descobrindo antes de evoluírem seu intelecto.  Provavelmente teremos de intervir, como fizemos a setenta anos. Mas na verdade o que eu queria dizer era apenas que não devem agir como no passado. Vocês não precisam da guerra, mas precisam da comunhão. Vocês precisam se tornar pacificadores enquanto ainda há tempo, porque seu fim pode estar próximo. Pode ser um futuro tão sombrio quanto o que ocorreu em Dronia. 

Pierre Martins
Cerrei meus olhos e olhei adiante em silêncio. Mahat Zoratti se retirou da sala de cabeça baixa e me disse muito mau um “Bons sonhos”. Eu olhava fixamente a Terra e me sentia responsável pela prevenção de qualquer catástrofe que pudesse acontecer. Era meu lar. Se a setenta anos os Estados Unidos mataram cem mil pessoas em apenas um golpe, imagina o que seriam capazes hoje as nações super-desenvolvidas?  Então acordei em seguida. Mas era antes da hora. Dormi mais um pouco e depois acordei e fui trabalhar.












Martins, Pierre - Iguaba Grande/RJ - 03 de março de 2015.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Deus, o Senhor está ai?

E stou caminhando. A minha frente apenas uma avenida e muitas pessoas. Cada uma com sua história. Cada uma com seus medos. Todos tem um motivo para caminhar, para viver... Mas eu não. Não me resta mais nada para me orgulhar. Perdi tudo o que mais era valioso em minha vida. Agora estou diante do mar. O dia esta cinza e triste como eu. Não há ninguém por perto. Apenas o cheiro da maresia e o vento. Tamanha imensidão e eu aqui tão pequeno. Eu sinto uma dor que não cabe no peito. Então olho para o céu.

Perdão: a nossa verdadeira paz interior.

Pierre Martins As vezes demoramos a valorizar as pessoas que estão ao nosso lado. Talvez pelo simples fato dela estar ali sempre e a gente achar que isso não vai mudar nunca. Mas, como dizia Chorão: “ – cuidado com o destino, ele brinca com as pessoas.” As vezes nossa zona de conforto é desfeita e, acredite, por mais que as vezes você reclame de suas pernas, por ser feia, magrinha ou gordinha de mais, se o tornozelo é esquisito ou seus dedos não são bonitos, imagine como seria viver sem elas? As pessoas tem defeitos, assim como nós, assim como nossos membros, mas elas estão ali por um propósito: nos completar. Por mais que você diga que sabe muito bem viver sozinho, ou que não precisa de ninguém pra ser feliz, no fundo sabe que está enganando a si mesmo, pois nem mesmo Jesus escolheu caminhar sozinho na Terra. Seus discípulos tinham defeitos, mas o amavam. Pedro até negou a Cristo, mas isso não diminuiu a amizade e o amor entre eles. As vezes o momento nos faz errar. O coração

Grandes batalhas são dadas somente a grandes guerreiros.

" Você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui. Percorri milhões de milhas antes de dormir, eu não cochilei . " (A estrada - Cidade Negra)