Pierre Martins |
Existe algo tirando meu sono. As noites tem sido curtas,
muito mais do que de costume. Enquanto fecho os olhos minha cabeça gira. Eu
penso em todas responsabilidades que vem até mim. Penso em como eu cresci em
tão pouco tempo e como o tempo tem sido curto para tudo o que tenho de fazer.
Antes do último bocejo, já viajei por horas em problemas que nem deveriam estar
ali comigo naquele momento. Sinto que as responsabilidades que venho adquirido estão
me absorvendo e se fundindo a tudo o que eu sou. O prazer de viver esta sendo substituído
pela oportunidade de existir. Acho que é isso. As pessoas deixaram de viver
para apenas existir e ser peça da grande engrenagem dessa sociedade mecânica.
Antes do ultimo suspiro, lembro-me dos impostos que pago. Mais um pensamento
que a minha faculdade pôs em minha cabeça. Contribuo tanto para que outros
roubem aquilo que é fundamentalmente necessário para estabilizar as engrenagens
da sociedade. Sinto raiva pela forma que as pessoas escolheram para governar a
grande engrenagem.
Enfim, o sono vem. Eu não percebo exatamente quando minha consciência
se desliga de tudo, mas sei que minha cabeça tem estado cheia de mais para que
eu tenha bons sonhos.
Por frações de segundo, quando acordo, sinto que meu maior
desejo era estar no campo, vivendo do que eu planto, comendo do gado que corre
livre. Desejo que o capitalismo, o dinheiro, a ganância e até mesmo a
humanidade não tivesse sido inventada. Então ao abrir meus olhos e olhar para o
ventilador de teto, sinto o desprazer de saber que vai ser mais um dia de minha
existência, onde vou perder mais uma rotação do planeta no ciclo de minha vida.
Martins, Pierre – Araruama/RJ – 24 de fevereiro de 2015.
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